A ex-governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini
(PP), é a terceira política que mais teria recebido dinheiro da construtora
OAS, segundo delatores. A informação foi veiculada pelo jornal O Globo, nesta
quarta-feira (26), que teria tido acesso a um relatório de 73 páginas produzido
pela Procuradoria-geral da República (PGR).
Nesse documento, que resume depoimentos de 8 ex-funcionários
da empreiteira, a procuradora Raquel Dodge pedia providências ao Supremo Tribunal
Federal (STF). De acordo com as informações publicadas, Rosalba teria
recebido R$ 16 milhões em caixa 2.
Pelo levantamento, ela só ficou atrás do ex-deputado federal
Eduardo Cunha, que teria recebido R$ 29,6 milhões em propina; e do ex-prefeito
do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, com R$ 25 milhões. Rosalba ficaria à frente
inclusive do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que teria recebido R$ 10
milhões em caixa 2.
Ao todo, a OAS teria distribuído entre os anos de 2010 e 2014
o total de R$ 125 milhões em propina e repasses para caixa 2. isso envolveria
21 políticos de 8 partidos. Todas essa informações estão em delações
homologadas perante o Supremo Tribunal Federal (STF).
O detalhamento de valores e pessoas envolvidas foram obtidas
em 217 depoimentos. Ainda de acordo com o relatório encaminhado por Raquel Dodge,
o esquema da OAS era possível graças ao superfaturamento de obras como os
estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco e a construção do
Porto Maravilha, no Rio.
Uma parte do que era obtido no suposto superfaturamento era,
segundo os delatores, repassado aos políticos. O pagamento por isso vinha em
forma de apoio aos interesses da empresa. No Rio Grande do Norte, a OAS
construiu a Arena das Dunas durante a gestão de Rosalba Ciarlini no governo do
estado.
Ainda em 2015, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já
apontava indícios de superfaturamento no processo de construção do estádio e
também de sobrepreço. A obra da Arena no Rio Grande do Norte custou cerca
de R$ 400 milhões.
Mas pela forma como o contrato de pagamento foi feito, ao final
de 20 anos, período de concessão, a obra custará cerca de R$ 1 bilhão ao RN.
Até hoje o estado paga cerca de R$ 10 milhões por mês pela obra.
Por meio de sua assessoria, Rosalba Ciarlini – que hoje é
prefeita de Mossoró – disse que “desconhece completamente qualquer transação
nesse sentido com a OAS”. Além de Rosalba Ciarlini, todos os outros citados
negaram ou refutaram as suspeitas.
Confira abaixo a lista dos políticos e dos valores que,
segundo delatores, estariam envolvidos no esquema da OAS:
Ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ): propina de R$ 29,6
milhões;
Ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM): caixa 2 de R$ 25
milhões;
Ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP-RN): caixa 2 de R$ 16
milhões;
Ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB): caixa 2 de 10
milhões;
Ministro do TCU Vital do Rêgo: propina de R$ 3 milhões;
Ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG): propina de R$ 2,5
milhões;
Ex-senador Edison Lobão (MDB-MA): propina de R$ 2,1 milhões;
Ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE): caixa 2 de
R$ 2 milhões;
Deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG): caixa 2 de R$ 1,2
milhão;
Senador Jaques Wagner (PT-BA): propina de R$ 1 milhão;
Senador José Serra (PSDB-SP): caixa 2 de R$ 1 milhão;
Ex-deputado Índio da Costa (PSD-RJ): repasse de valores
espúrios de R$ 1 milhão;
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): caixa 2 de R$
50.000;
Ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS): caixa 2 de R$ 1
milhão;
Deputado federal Nelson Pelegrino (PT-BA): caixa 2 de R$ 1
milhão;
Ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR): propina de R$ 700 mil.
Ex-senador Lindbergh Faria (PT-RJ): pagamento de R$ 400 mil;
Deputado federal Marcelo Nilo (PSB-BA): propina de R$ 400 mil;
Ex-senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA): caixa 2 de R$ 150 mil;
Ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli (PT-BA):
mesada de R$ 10.000;
Ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA): contrato fictício de
R$ 30.000
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