O vice-presidente da República Michel Temer avisou neste
domingo (28) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o PMDB, legenda
comandada por ele,aprovará
o desembarque oficial do governo na reunião de seu diretório nacional
nesta terça-feira (29).
Esta foi a primeira vez que Lula conseguiu
se reunir com Temer desde que o partido decidiu pela saída oficial do
governo. Na semana passada, o ex-presidente, que tem atuado como articulador
informal do governo, tentou se encontrar com o vice-presidente em duas
ocasiões, mas Temer não o recebeu.
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Na conversa, o peemedebista também avisou a Lula que não
havia possibilidade de a reunião ser adiada. Inicialmente, integrantes da
legenda ainda aliados do governo tentavam pressionar o peemedebista pelo
adiamento para que o processo de impeachment, em tramitação no Congresso,
avançasse mais e a sigla não ficasse tanto sob os holofotes.
No encontro, Temer reclamou a Lula do isolamento que tem
sofrido pelo Palácio do Planalto. Em conversas reservadas, ele tem dito que
Dilma não o recebe nos últimos dois meses.
Ele se queixou ainda das intervenções da presidente em
decisões do comando nacional do partido, como a nomeação do deputado federal
Mauro Lopes (PMDB-MG) para a Secretaria de Aviação Civil.
Ela ocorreu após decisão do partido para que nenhum filiado
aceitasse cargos até a decisão oficial da sigla de desembarque da Esplanada dos
Ministérios.
REUNIÃO DO PMDB
Com a avaliação de que a saída do PMDB do governo federal tornou-se
"irreversível", o Palácio do Planalto tenta agora esvaziar
a reunião do diretório nacional do partido que definirá o desembarque
oficial.
A estratégia, que foi discutida nesta segunda-feira (28)
entre a presidente Dilma Rousseff e ministros da sigla, tem como objetivo
tentar deslegitimar o encontro com a ausência de caciques de peso, como o
ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros
(AL).
Além disso, o propósito é tentar passar a mensagem pública
que, apesar da decisão de saída, o governo federal ainda conta com respaldo de
uma ala importante do partido.
Na reunião com a petista, os ministros reconheceram,
contudo, que o grupo governista conta apenas com o apoio de cerca de 10 de um
total de 127 membros do diretório nacional do partido, o que dificultaria um
esvaziamento.
VOTAÇÃO SIMBÓLICA
Temer retornou a Brasília nesta segunda-feira com o objetivo
de tentar chegar a um acordo sobre as condições para o desembarque.
Em reunião com a cúpula do partido no Senado, o
vice-presidente tenta chegar a um acordo para que a votação seja simbólica e
para que a decisão seja feita por aclamação. O objetivo é não mostrar a divisão
interna no partido.
Os ministros peemedebistas estão ainda tentando convencer o
vice-presidente a estender de abril para junho o prazo para a saída deles da
Esplanada dos Ministérios.
Com o argumento de que ainda têm projetos e iniciativas para
concluir nas pastas, a estratégia é ganhar tempo na tentativa de reverter a
decisão de desembarque caso o plenário da Câmara dos Deputados arquive o
processo de impeachment.
Com a avaliação de que a "batalha desta terça-feira
está perdida", o foco do Palácio do Planalto é tentar agora segurar a
maior parcela possível do partido no movimento contrário ao impeachment. Nas
palavras de um assessor da presidente, "amanhã é uma batalha perdida
dentro de uma guerra maior".
fonte ; folha uol
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