Manifestante protesta contra Donald Trump horas antes do debate presidencial nos Estados Unidos (Brian Snyder/Reuters) |
As expressões
festivas dos mexicanos que acreditavam na derrota do magnata foram se diluindo
conforme as redes de televisão mostravam seu avanço
Por Da
redação / revista veja
Cabisbaixos e
silenciosos, os mexicanos receberam na madrugada desta quarta-feira a notícia
de que viverão no pesadelo de ver Donald Trump dirigindo o país mais poderoso
do mundo. A vitória do candidato republicano deixou milhares de pessoas sem
fôlego, e até o peso mexicano entrou em pânico, desabando a mínimos históricos.
O governo já prepara uma resposta.
As expressões
festivas dos mexicanos que acreditavam na derrota do magnata foram se diluindo
conforme as redes de televisão mostravam seu avanço. “Sinto-me triste, muito
triste, a verdade parece um pesadelo, e com muita incerteza sobre o que vai
acontecer”, comentou Erick Sauri, um arquiteto de 35 anos que vestia uma
camiseta azul com a frase “Hillary Clinton for president” (Hillary Clinton para
presidente).
“Já ganhamos
menos do que ganhávamos ontem”, acrescentou em alusão à desvalorização da moeda
local. Como ele, muitos se reuniram para passar a noite eleitoral no restaurante
“Pinche Gringo”, uma expressão pejorativa que os mexicanos usam com
regularidade para se referir ao protótipo do americano desagradável.
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Mas as
brincadeiras alegres do início da noite foram dando lugar a silêncios e olhares
incrédulos para as televisões que transmitiam os resultados. “Estou
consternada. É incrível que tanta gente tenha votado por uma proposta de ódio.
Parece um sonho ruim!”, disse Monserrat Valencia, uma economista de 25 anos que
no início do dia eleitoral “estava quase certa de que o anti-imigrantes e
sexista Trump não podia ganhar”.
Depois de
acompanhar com atenção uma campanha de quase 700 dias, marcada pelos escândalos
e insultos entre os dois candidatos, Sauri demonstrou sua surpresa com o fato de
“o ódio e o racismo” terem triunfado.
“Não consigo
acreditar” — A relação entre Trump e o México é muito tensa desde o dia em
que o magnata anunciou sua intenção de concorrer à Casa Branca. Sem papas na
língua, disse que, se vencesse, obrigaria o governo mexicano a pagar os custos
da construção de um muro em sua fronteira comum para impedir que imigrantes
ilegais chegassem aos Estados Unidos.
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Trump insistiu
em seu projeto ao longo da corrida presidencial e ofendeu os mexicanos ilegais
que vivem nos Estados Unidos, chamando-os de criminosos e estupradores. Em um
movimento arriscado, o presidente eleito visitou o México no dia 31 de agosto
convidado pelo presidente Enrique Peña Nieto, para abrir o diálogo bilateral. A
reunião foi muito criticada. “Não consigo acreditar que vá vencer, não, não
posso acreditar. Tenho família nos Estados Unidos e ele nos ameaçou tanto,
tanto”, dizia Laura García, de 46 anos, num momento em que a derrota de Hillary
já parecia iminente.
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