Comandante da aeronave afirmou que ele representava "ameaça" aos passageiros
O ator Érico Brás, de 37 anos, foi retirado por agentes da
Polícia Federal (PF) de um voo da Avianca em Salvador, na manhã desta
quinta-feira. A ação ocorreu depois de um desentendimento com o comandante da
aeronave, que disse que Brás representava "ameaça" aos outros
passageiros. Para o ator, houve racismo na atitude do aviador. Ele disse que
processará a companhia aérea. A Avianca informou que seguiu procedimentos de
segurança de voo.
— Fui tratado como bandido, como um terrorista — afirmou o
ator da Rede Globo.
Oito passageiros desceram do avião em solidariedade a
ele. Em nota, a Avianca divulgou que "mantém a prioridade na
segurança de voo":
"A Polícia Federal foi acionada, como é praxe no setor,
porque um grupo de clientes recusou-se a seguir as orientações dos comissários
sobre a acomodação das bagagens", diz a nota.
O desentendimento ocorreu no voo que partiria às 6h25min
para o Rio. De acordo com Brás, que atua no humorístico Zorra!, o bagageiro
estava cheio e a mulher dele, Kênia Maria, havia sido orientada por um
comissário a colocar a bagagem de mão sob o banco da frente.
— O comandante veio lá da frente, já falando alto, dizendo
que era para colocar a bolsa no bagageiro. Minha mulher respondeu que não tinha
como guardar no compartimento, que estava cheio. Ele falava rispidamente e
dizia coisas como "agiliza aí". Ela disse para ele: "então
arruma você". O comandante com toda a violência abriu o bagageiro e jogou
a mala lá dentro — disse Brás.
Nesse momento, o ator interveio.
— Disse que ele era um mal-educado, que estava agindo com
falta de educação, e que não aceitaria isso.
O comandante, que, segundo Brás, não usava crachá, teria
determinado a um comissário que o ator deixasse o avião porque representava
ameaça para os passageiros e para o próprio piloto. O ator disse que se
recusou a sair. A PF foi chamada.
— Eu tentei argumentar, expliquei que não me exaltei, não
agredi ninguém. Outros passageiros me defenderam, mas o agente disse que o
comandante é soberano no voo.
Brás disse que, com a mulher e os oito passageiros, foram ao
escritório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e registraram queixa
contra a companhia.
— Embora ele não tenha usado palavras racistas, não tenham
me xingado, a atitude do comandante foi racista, é um racismo institucional.
Sinto uma impotência muito grande porque é uma situação em que não tive culpa
nenhuma, mas dentro de um avião ele pode me tratar como pensa, sem nenhum
respeito. Se eu não fosse negro, ele não agiria dessa forma, com essa
agressividade — afirmou.
Brás contou que não chegou a ser levado para a delegacia da
PF. Foi colocado em voo da Gol, que partiu às 10h.
— Se eu era uma ameaça para o voo, como permitiram que eu
embarcasse em outro avião sem saberem como eu estava psicologicamente? —
questionou.
Fonte : Zero Hora
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