No momento em que o governo Dilma Rousseff vive o auge de sua
fragilidade, dirigentes do PMDB e do PSDB assumiram nesta quarta-feira (9) que
"vão trabalhar juntos para encontrar uma saída" para o país.
As declarações foram dadas no
fim da noite, após um jantar patrocinado pelo senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), em Brasília. O encontro reuniu as cúpulas dos dois partidos no
Senado.
Do lado do PMDB, participaram
o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o líder da sigla na Casa, Eunício
Oliveira (CE), e o senador Romero Jucá (RR).
Já a cúpula do PSDB
compareceu em peso. Foram ao local o senador Aécio Neves (MG), dirigente
nacional da legenda, e os colegas José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG),
Cássio Cunha Lima (PB) e Aloysio Nunes (SP).
Ao final da reunião, Tasso
foi escalado para falar. "Há uma constatação de que o momento é bastante
grave", iniciou. "Tanto o PMDB como o PSDB não podem ficar omissos.
Vamos trabalhar juntos para encontrar, o mais breve possível, uma saída para a
crise que o Brasil vive."
As palavras foram endossadas
por Eunício. "Essa aqui é uma conversa de gente adulta preocupada com o
país", ele afirmou. "Não viemos aqui derrubar o governo Dilma. Viemos
buscar uma saída para a crise."
IMPEACHMENT
O peemedebista disse ainda
que as duas siglas vão trabalhar para "aglutinar outras forças políticas a
esse processo", numa indicação de que começarão a consultar líderes de
outras legendas.
Eunício disse que não foi
traçado um plano definitivo, mas admitiu que entre os cenários projetados pelos
senadores estava o impeachment da presidente.
Segundo ele, os tucanos
disseram ser "muito difícil" qualquer solução com Dilma. E o PMDB, o
que disse? Os três integrantes da sigla ficaram em silêncio.
"O impeachment é uma
realidade colocada, há um processo em andamento", afirmou Eunício.
"Assim como há uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e outros
cenários que angustiam a população. Há um sentimento no Congresso de que é
preciso encontrar uma solução."
A associação pública entre as
cúpulas do PSDB e do PMDB é inédita e indica quão delicada é a situação da
presidente Dilma no Congresso. Renan e Eunício sempre foram considerados
integrantes da ala do PMDB mais fiel à petista e, no entanto, sinalizam
claramente na direção de uma aproximação com a oposição.
O presidente do Senado deixou
o encontro sem falar com a imprensa. Jucá também evitou os jornalistas. A
caminho do seu carro, no entanto, bateu no ombro de Anastasia e comentou:
"Agora é hora de arregimentar as tropas". Questionado sobre o que
falava, o peemedebista riu. Anastasia, por sua vez, fez piada: "é
futebol".
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