Em um dos termos de
sua delação premiada, o
senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou que o presidente do PSDB, senador
Aécio Neves (MG), recebeu propina de Furnas, empresa de economia mista
subsidiária da Eletrobras.
A declaração de
Delcídio confirmou depoimento prestado pelo doleiro Alberto Youssef, que também
afirmou que Aécio recebia propina de Furnas, mas não houve abertura de
inquérito para investigar o caso.
"Questionado ao
depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente disse que não sabe
precisar, mas sabe que Dimas [Toledo, ex-presidente de Furnas] operacionalizava
pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio
Neves", disse Delcídio.
Ele afirmou ainda que
o ex-líder do PP na Câmara José Janene, morto em 2010, também recebia dinheiro
de Furnas.
O senador afirmou que
Dimas possui "vínculo muito forte" com Aécio e que sua indicação para
o cargo teria partido do tucano, junto ao Partido Progressista, na época da
gestão Fernando Henrique Cardoso.
Delcídio relata um
diálogo que teve com o ex-presidente Lula durante uma viagem em 6 de maio de
2005 na qual Lula lhe perguntou quem era Dimas Toledo.
E, segundo Delcídio,
o ex-presidente teria explicado o motivo da pergunta: "Eu assumi e o
Janene veio pedir pelo Dimas. Depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT,
que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito".
Para o senador, Lula
disse isso porque "seria necessário muito dinheiro para manter três
grandes frentes de pagamentos e três partidos importantes".
Questionado, Delcídio
afirma não saber se a irmã de Aécio, Andréa Neves, também estava envolvida em
Furnas.
Disse, porém, que na
gestão de Aécio em frente ao governo de Minas, a irmã era "uma das grandes
mentoras intelectuais dele e estava por trás do governo".
PARAÍSO
FISCAL
O senador também
afirma, em outro trecho de sua delação, que ouviu de Janene que Aécio era
"beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele
seria dono ou controlador de fato".
A sede seria, segundo
Delcídio, em Liechtenstein, e a operação financeira teria sido estruturada por
um doleiro do Rio de Janeiro. A fundação estaria em nome da mãe ou do próprio
Aécio.
Ainda sobre o tucano,
Delcídio relatou um caso na CPI dos Correios, que investigou o mensalão, no
qual Aécio teria atrasado o envio de dados do Banco Rural para fazer uma
"maquiagem" nas informações.
"A maquiagem
consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio
Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério
e companhia", afirmou.
Ele contou que o
então secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, foi enviado por Aécio para lhe
pedir um aumento no prazo para envio das quebras.
"Ficou sabendo
que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o
próprio Aécio Neves", disse Delcídio.
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