sexta-feira, 3 de abril de 2015

‘O único tiro que escutei foi o que matou meu filho’, diz mãe de menino morto no Alemão - Jornal O Globo

RIO — No dia seguinte à morte do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, baleado com um tiro na cabeça enquanto brincava na porta de casa no Complexo do Alemão, sua mãe disse ter certeza de que um policial militar matou seu filho. Ela contou que o garoto estava ao seu lado vendo televisão e depois foi para a entrada de casa, na localidade do Areal, em Inhaúma. Pouco depois, ela ouviu o som de um disparo de arma de fogo.
— Não houve tiroteio nenhum. O único tiro que escutei foi o que matou meu filho. Corri para fora de casa e vi um policial do Batalhão de Choque perto do Eduardo. Meu filho estava caído no chão. Quando avancei nele (PM), ele disse que me mataria também. Sou capaz de reconhecê-lo — contou, em estado de desespero, a doméstica Terezinha Maria de Jesus.
Ela pede ajuda do governo do Estado para enterrar o filho no Piauí, sua terra natal.
— Não quero deixar nenhum pedaço de mim aqui. Quero ir embora, não quero perder outro filho — disse Terezinha, mãe de outros quatro filhos.

 Eduardo começaria na próxima quarta-feira, um curso do Sebrae na Tijuca. Ele tinha o sonho de ser bombeiro. Pelo menos outras duas pessoas foram atingidas por balas perdidas no Alemão na tarde de quarta-feira. No total, foram sete baleados em dois dias, com três mortes. Há aproximadamente três meses moradores do local convivem com tiroteios frequentes.


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